domingo, 25 de janeiro de 2009

Uma desconfortável estranheza

É impressionante observar o que a civilização atual está fazendo com as pessoas. Estamos construindo delicadamente um cenário horrível para todos, são os efeitos avassaladores da mudança climática, a falta completa de sentimentos de grandes grupos da população que matam por qualquer coisa. O que pretendemos, como espécie, fazer com tudo isto?!?

Sempre que estou fora de minha casa (único lugar seguro ao meu ver), sinto uma desconfortável estranheza por estar entre os humanos, pois nunca sei em qual sinaleira irão tentar roubar minha bolsa ou meu carro. Não sei por quais ruas posso andar com jóias. Tenho a sensação que ou estou sempre em "estado de alerta" (como recomenda os representantes da segurança pública, para evitar o "componente surpresa" dos ataques), ou serei alvo fácil da violência humana.

Este "estado de alerta" constante torna qualquer pessoa um perigo em potencial, e aí?? Como posso simplesmente caminhar pela beira do rio e curtir suas belezas?? Este "estado" turva meus olhos e meu coração. Torno-me insensível perante a miséria alheia. Não posso dar uma moeda para o menino que me pede, por que o estou incentivando a "pedir" e não a "trabalhar". Mas como esperar que aquela criança trabalhe?!?! O que ele está fazendo ali?? Onde está sua família que supostamente deveria o estar protegendo??

Acho que nenhum ser humano, que esteja consciente dos resultados que estamos produzindo neste planeta possa dormir tranquilamente!! Acho que perdemos a ternura!! Lamento muito por isto, pois afeta diretamente minha capacidade de ser feliz. Não posso ser feliz com tanta miséria lá fora, não posso ser alienada a este ponto!!

Ou não?? Ou o mundo continuará a seguir seu curso independente de minha percepção nefasta?? Acho que no fim de tudo isto, são meus olhos que não conseguem mais achar a beleza de tudo isto. Mesmo quando o "Sobrinho de Rameau" (Diderot, 1762), em seu diálogo com o filósofo, confessa as maiores vilezas da alma humana, mesmo assim não consigo acreditar em onde chegamos.

A Terra é um planeta muito bonito, pena que a raça humana esteja contribuindo negativamente com a paisagem.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Para acabar com esta angústia...

Muitas vezes somos quase que impelidos a expor nossos sentimentos para acabar com esta angústia interior. Não fazemos isto para nos comunicar melhor com o mundo ou com o outro, fazemos isto para melhorar nosso sentimento interno. Egoísmo?? Por quê, se a angústia é nossa mesmo, ninguém tem nada a ver com isto!

Então por que nos sentimos culpados? Por que temos que "desabafar", mesmo que seja para o nada, como uma página em branco, mesmo que este "nada" possa representar um incontável número de pessoas, ou pessoa alguma?

Esta "solidão acompanhada" é que nos deixa tão mal, mesmo estando coletivamente acompanhados, sabemos que lá no fundo só estamos com nós mesmos. Quando temos um vasto universo interior, com grandes áreas conhecidas e muito ainda por descobrir, e aproveitamos esta jornada, aí é que o mundo exterior se torna menos desafiador, e nossa angústia pode nos dar uma trégua.

Mas quando olhamos em volta e notamos que quase não existem outros seres com os quais gostaríamos de desbravar o desconhecido, quando o "ao redor" se torna pobre de seres atraentes e excitantes é que se manifesta a tal da angústia. É como um "vento frio" que passa no estômago, e nos faz perceber que é importante o "calor", a "troca de energia", e a comunicação com o mundo externo.

Confuso?? Mas quem sabe acabar com esta angústia interior??